Archivo de la etiqueta: feminismos

Poema Violento

Por Concha Solano y Júlia Araújo Mendes

 

violencia, la que corre por mis venas
castrada desde su origen

violencia recibida y tolerada
sin respuesta
mutilada

vicisitudes violentas
violaciones por doquier

mis gritos silenciados
mis manos siempre abiertas
sin conocer los puños

golpe tras otro soportado
en los confines de mi cuerpo

un golpe es más un golpe
preliminar de sucesivos
acontece al venidero

sin pelos
de piernas cerradas
mejor callada
sonriente

no más niñas buenas
ni mujeres silenciadas en cada golpe

sin gritar a quien les gritó
ni agredir a quien les agredió
ni violentar a quien les violentó

para el mito de la condescendencia
ya no quedan más creyentes

no más niñas buenas
ni mujeres atragantadas
ni excusas para enfadarse
ni vergüenza por rebelarse

doblemente violentada
me violento en mi no violencia
en la violencia negada
en la furia aplacada

la rabia rebotada
toma impulso
y se vierte sobre mí

necesito como el aire que respiro
desaprender lo aprendido
balbucear mis primeras protestas
y librar mi primera batalla
dar mis primeras patadas
y empuñar mis manos en la cara
de quién sobre mí
descargó su saña

necesito no necesitar
amar sin callar
sin devociones
sin proyecciones
mi cuerpo libre de improntas obedientes
cuerpo sedicioso
que ya no es sombra

y comienzo con mis armas
me atrinchero en mis palabras
y en la retórica que proyectan las balas
que mi pluma dispara
como dardo cargado con munición sanguinaria
como flecha de tinta enrojecida
ensangrentada

os aviso, voy armada
mis armas serán mi voz, mis palabras, mis acciones
contundentes
os apunto a través de mi ojo crítico
os desarmo con mis armas
y con las vuestras
os apunto con mi cuerpo
ya apropiado
que ya no será más
arrebatado


Minha mãe, a primeira feminista

Cada vez que dou voltas a minha consciência feminista, paro no “quando”. Quando comecei a perceber que algo estava errado? Quando senti que, por ser mulher, eu levava inscrita uma carga de sutis sistemas de opressão e estava condicionada a perpetuar umas certas relações de hierarquia e de poder? Ainda havendo recebido uma educação bastante progressista, em muitos aspectos, há mecanismos de anulação do nosso potencial, como mulher, que nem nos damos conta. E quando foi que comecei, em maior ou menor medida, a questionar tudo isso?

É certo que a universidade foi o passo crucial. Relacionar-me com pessoas do movimento estudantil, de consciência política muito ativa, foi o momento em que comecei a ter corpo teórico para nomear tudo o que eu sentia. Mas, antes disso, houve as minhas incursões pelos terrenos das religiões neo-pagãs, cultos às divindades femininas, leituras sobre a inquisição e a sabedoria ancestral de tantas mulheres. Foram uns quantos anos de desconstrução da identidade religiosa que vinha de fábrica na minha família, começando um processo de perguntas mais etéreas, existencialistas e de rechaço de tanta mitologia cristã, com a qual não me identificava.

Porém, ainda houve um antes. Ao longo da minha curta existência, fui acompanhada e educada por uma mulher que tentou, de todas as formas que pôde, dar-me o espaço e as ferramentas necessárias para que eu vencesse a inércia social e me construisse e reconstruisse sempre que quisesse e, o mais importante, com a garantia do seu apoio. Nunca incondicional, é certo. As críticas sempre estiveram presentes e, hoje sei, que retirar o apoio é também uma forma de educar na independência – retirar aquela terceira perna, como diria Clarisse Lispector.

Essa mulher, minha Mãe, Maria Lúcia de Araújo, foi quem primeiro plantou as sementes para as minhas futuras inquietudes quanto à situação das mulheres no mundo. Foi ela quem fez com que eu percebesse que eu podia ser firme e decidida, o que hoje eu chamaria de processo de empoderamento. Foi ela quem disse que eu podia viver a minha sexualidade de forma livre, sem medo ao que as pessoas do meu entorno fossem pensar. Foi ela quem, nunca (e afirmo rotundamente, porque realmente é um “nunca”), sugeriu que eu realizasse qualquer tarefa doméstica que meu irmão não tivesse que realizar também. Os primeiros passos ao que hoje conheço como co-educação e co-responsabilidade. Foi ela quem insistiu que eu não fizesse a primeira comunhão, para que eu logo pudesse encontrar o meu próprio caminho espiritual. E foi ela quem, ainda sendo muito cristã, deu todo o apoio e sentia muita curiosidade quanto a minha iniciação ao neo-paganismo.

Essa mulher, minha Mãe, foi quem começou a galgar um caminho à minha atual consciência feminista. Hoje, recordo dois dados da minha adolescência que considero de suma importância, ainda que, para muita gente, parecerão levianos. Recordo que, quando os pêlos das minhas pernas e meus pêlos púbicos começaram a ser mais notórios, minha Mãe insistia que eu não me depilasse. Era difícil lutar contra a etapa do descobrimento e das rodas de amigas vangloriando-se das suas respectivas depilações. Sentiam-se “mulheres”. Não dava ouvidos a ela e me depilava. Apesar de que ela seguia dizendo que eu não necessitava, mas nunca repreendendo.

Recordo também que ela, desde que meus seios começaram a crescer e até hoje, sugeria constantemente que eu saisse de casa sem sutiã. Que eu não precisava dele. Diversas vezes eu colocava um vestido ou alguma camiseta de tiras e tinha vergonha de sair sem sutiã. Ela dizia que ficava lindo e que eu não tinha por quê sentir vergonha dos meus seios. Demorei anos para entender o que ela queria dizer com aquilo. E mais ainda demorei para ser capaz de assumir o meu corpo e sair de casa sem o sutiã e sem a preocupação de se as pessoas iriam notar o meu bico do peito ou não, ou se aparentariam demasiado caídos. Para ser exata, há menos de um ano (hoje tenho 27 anos), comecei a sair assim, com os seios livres e com satisfação.

Há quatro anos entrei no universo dos estudos de gênero e feministas, engordando a fundamentação teórica para tantas das coisas que eu já sentia antes e começando a minha militância. E sou cada vez mais consciente da tremenda relevância que a educação dada pela minha mãe tem em tudo isso. Considero essenciais os dois fatos mencionados, porque aprendi que fazer política começa desde os nossos territórios mais íntimos, desde os nossos corpos. Meu corpo é meu maior instrumento e é com ele e nele que sinto e rebato todas as cadeias invisíveis desse sistema heteropatriarcal. A depilação, o sutiã… são dessas normas que, de tão arraigadas, passam despercebidas ante nossos olhos. E não digo que deixemos de fazer depilação ou de usar sutiã. Não. Refiro-me à necessidade de questionar-nos, ser conscientes do quê e do por quê fazemos algo. E isso, posso fazer hoje, porque essa mulher, minha Mãe, Maria Lúcia de Araújo, disse-me, há uns quinze anos atrás, que eu podia fazer isso.

Hoje, 22 de setembro de 2012, é o aniversário dela. Não cumpre 50, nem nenhuma dessas idades comumente festejadas. Cumpre 49. Cada vez a respeito mais (se é possível). Mas não esse respeito com a imposição da idade e dos vínculos maternais. Não. É um respeito pelo que ela realmente é. Porque, sei que é um clichê, mas ela é uma Grande Mulher. E, de não estar fisicamente ao seu lado hoje, não encontrei melhor maneira para fazer-lhe uma homenagem que esta. Dizendo-lhe algo que já queria dizer-lhe faz algum tempo: Mãe, você foi a primeira feminista que conheci. E, de uma mãe como essa, não posso estar mais orgulhosa.

Amo você. Feliz ano novo.


Es por mí

(Dale play al vídeo de abajo)

Entienda.
No es por ti que lo hago.
Es por mi proceso de liberación.
Es por mí.

Es por no temer atreverme.
Y por renunciar a esos modelos devastadores de amor dependiente.
De querer con condiciones.
De jugar al seducir.
De esperar para actuar.
Esperar… ¡porque los tiempos son importantes!
¿Por qué son importantes?

Encasillada me siento.
Y, para salir de ahí, que me toque uno o seis.

Es por salir de este tablero que lo hago.

Es por (de)construir este querer.
Y curar heridas de una vida entera de amores sumisos.

Es por querer seguir escribiendo.
Luchando.
Y porque palabras como ‘luchar’ aún están mal vistas.
¿O mal oídas?
¿O poco oídas?

Y palabras como ‘querer’… depende.
Depende de los tiempos,
de los dados…

Es por no tener que justificarme que lo hago.
Porque mi amar es infinito.
Y mi lucha
continua.

Lo hago porque busco palabras para cada respiración compartida.
Y para cada sonrisa que me regalan.
Y porque, en aquél momento,
¡amé!
Por eso lo hago.

Es por romper con las paredes de lo privado.
Por hacer de mi sentir mi política diaria.
Es por amar cada rincón de mi cuerpo.
Y porque el hartazgo hacia tanta normatividad
ya no me deja creer en una vulnerabilidad.

Me expreso. No me expongo.
Soy sincera. No voy demasiado rápido.
Amo. No soy romántica.

Es por no creer en el romanticismo que lo hago.

¿Qué es que hago?
(¿O que no hago?)
Ya no me acuerdo.

Para escribir la conexión es íntima.
Es conmigo
y para mí.

Pero, sí,
no es por ti.
Es por mí.

“I don’t know who you are (…) But I don’t care. I am me, and I don’t know who you are, but I love you. (…) I don’t know who you are or whether you’re a man or a woman. I may never see you. I will never hug you or cry with you or get drunk with you. But I love you. I hope that you escape this place. I hope that the world turns and that things get better, and that one day people have roses again. I wish I could kiss you.” (fragmento de la carta de Valerie, de la novela gráfica V de Vendetta)


Tsunami violeta, ¡sí!

Se veía venir, pero ahora que los anuncios saltan en los medios, parece mentira que un gobierno sea capaz de reducir los derechos de la ciudadanía, cambiando leyes que han supuesto saltos positivos en el marco legislativo del Estado Español. Entre ellas, la Ley Orgánica de salud sexual y reproductiva y de la interrupción voluntaria del embarazo y la legalización del matrimonio entre personas del mismo sexo.

Lo hacen bajo banderas conservadoras, ya bastante conocidas, como “proteger el derecho a la vida” y “salvaguardar el matrimonio como la unión ‘natural’ heterosexual”. Mientras tanto, lo que realmente pasa es que los múltiplos recortes sociales ya no protegen nuestro derecho a bien vivir y desmantelan lo que realmente sostiene un Estado de derechos, como la igualdad de género, educación y salud públicas y de calidad y los derechos laborales garantizados.

De momento, para no desanimar, me quedo con las reacciones de la sociedad, el tomar las calles de Valencia con más 100 mil personas o la Marea Violeta que inundará el país este viernes. Y también con que, cruzando el océano, te encontrarás con un Uruguay que aprobó el proyecto de ley que despenaliza el aborto y con una Ministra en Brasil que empieza el debate defendiendo el derecho a la interrupción del embarazo como una cuestión de salud pública.

Por lo demás, repito lo que, para mí, es una máxima y que ha estado circulando por las redes sociales: “Libertad sexual y reproductiva: las mujeres deciden. La sociedad respeta. El Estado garantiza. Las iglesias no intervienen.”

La Marea Violeta en Valencia:

¿Cuando? Viernes, 10 de Febrero, a las 19:30

¿Dónde? En la Plza. Del 15M (antigua Plza. Del Ayuntamiento)

¿Cómo? Viste de negro y algo morado.