Por ela. Pra ela.
——————————
Há uma canção que ficou
impregnada na minha boca.
E ainda que faz tempo,
lá ficou.
Por vezes saio de casa
e começo a cantá-la.
Lembro o por qué
o quando
o como
o por quem.
Já não fere como antes.
Penso que há muito não a escuto.
Penso que, quando volte,
o farei.
Afasto o pensamento.
Afasto as lembranças.
Ruas. Bicicletas. Bibliotecas.
Ruas. Passeios. Praias.
Ruas. Bancos e bares.
Bancos de bares.
Volto à casa.
Não será hoje que a escutarei.
Não é uma decisão deliberada.
Simplesmente é.
Oculto as suas notas,
ocultando a dor.
Sei que foi há muito.
E não sei se trará lágrimas ainda.
Melhor não.
Oculto as suas notas,
ocultando o medo à ausência.
A ausência também da dor.
Cantarolo.
Logo, o silêncio.
Assim não há conclusões.
Na abstração,
estou mais segura.
* La versión original, en castellano: La canción oculta
Deja un comentario